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Por que estudar?

Foto do escritor: Ricardo SampaioRicardo Sampaio

Me deparei com esse questionamento a um tempo atrás: “por que fazer um curso superior?”, “para que ler livros?”, “qual o motivo de fazer tantos exercícios?”. Essas perguntas me levaram o estudar o motivo pelo qual os grandes gênios da história foram geniais. Eu tinha que saber por que eles passavam por um processo tão chato e desgastante, para então encontrar eu mesmo a motivação para estudar.


Ao fazer isso, investigando os objetivos de Sócrates, Aristóteles, Francis Bacon, Sto. Tomás de Aquino, Cícero e tantos outros, percebi que eles tinham algo em comum: eles buscavam compreender, não uma verdade que está acima de nós, pairando sobre o universo, mas a “verdade das coisas”. O leitor já deve ter dado aquela virada de olhos pesando “Aff, lá vem ele com aquele papo filosófico de busca pela verdade. Chato!”. Devo confessar que fui influenciado pelas ideias dos autores que citei acima, mas peço que leia até o final.


Aristóteles entendia a filosofia como sendo “a ciência das causas últimas”; a ciência filosófica trata de saber para quê uma coisa serve (causa final), do que ela é feita (causa material), como ela é formada (causa formal), e como ela é (causa eficiente). O estagirita fundou dezenas de áreas científicas importantes até hoje, como a gramática geral e a botânica. E ao fazer isso ele tinha uma coisa em mente: conhecer a verdade das coisas. Ora, conhecer a verdade de algo é conhecer as verdades que a compõem, como foi dito acima. É mais fácil compreender o todo compreendendo as partes que o compõem (não está enganado quem relacionou isso a Descartes, afinal foi dessa ideia que surgiu o seu método). E foi aí que acendeu uma lâmpada sobre minha cabeça: “Ah! Então é por isso que na escola aprendemos a soma para depois aprendermos a multiplicação, e a multiplicação para entender a potenciação. Começamos compreendendo os conceitos mais simples para então entender os mais complexos. Por isso temos que aprender essas coisas chatas e sem objetivo aparente: para que quando enxerguemos o todo, ele faça sentido! É isso!”.


Então fui buscar como se dá a apreensão de um conceito, como podemos adquiri-lo. Essa parte é mais chata então vou resumir: o nosso cérebro, a partir dos sentidos, cria uma imagem do objeto (ou ideia) percebido (na literatura essa imagem é chamada de fantasma), e esse fantasma pode ser expresso verbalmente por um conceito (ou definição) por causa da nossa racionalidade. Só que para que um conceito seja formado, é necessário que o fantasma esteja bem claro na nossa mente, afinal, só podemos descrever uma pintura se estiver claro aos nossos olhos o que está no quadro. Então, deve o fantasma ser reforçado para que o conceito seja bem formulado e apreendido. Daí percebi: “Ah! Então é por isso que faço esse monte de exercícios: para ter em minha mente uma imagem bem clara do conceito que estou utilizando e então poder compreendê-lo”.


Assim, agora finalmente eu tinha um motivo para estudar: compreender as coisas, não todas de uma vez, não por que precisava passar em uma matéria, mas, por exemplo, para entender que uma onda sonora pode ser representada pela função seno não por acaso, mas por que é daquele jeito que o nosso cérebro capta essas ondas e as representa graficamente por força do intelecto, e que seu estudo é muito importante para a calibração do volume de um som ou até mesmo na música


Fig. 1: a curva que representa a onda sonora captada pelo ouvido pode ser escrita matematicamente da forma a*sin(⁡bx)+c. fonte: http://www.fq.pt/som/propagacao-do-som

Cada um tem ou pode descobrir o seu próprio motivo para buscar o conhecimento, seja ele a busca pela verdade, conseguir uma profissão almejada, ser alguém culto, etc. O importante é que tenhamos uma razão pela qual fazemos algo e, se essa motivação existe e ela é suficiente, podemos enfrentar as dificuldades e sacrifícios que aparecerem no caminho.


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